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Mostrando postagens de abril, 2014

Devaneio onírico de um alienado

O Sonho (Pierre Puvis de Chavannes, 1883) “O incêndio que atingiu o escritório de advocacia Dr. Estácio Menezes e Cia. nesta manhã do dia 13, sexta-feira, no bairro Aldeota, em Fortaleza, não deixou feridos. O fogo foi percebido depois que uma fumaça preta começou a sair da porta da sala de um dos sócios.” Augusto, aflito, relia, pela trigésima vez, na tela de seu computador, o trecho de uma notícia sobre um pequeno incêndio que ocorreu nesta manhã, em seu trabalho. “Era para eu ter morrido, ainda bem que fiquei em casa... ah, amanhã eu quero ver a cara do Paulo, da Marta, do Antônio e dos outros quando eu explicar que não fui ao trabalho hoje porque sonhei que iria morrer neste dia, ah, agora quero ver se eles ainda vão rir ou fazer avacalhações com minhas superstições...”, pensava, desvairado. *** Augusto, desde criança, acredita no poder e nas revelações dos sonhos como premonições ou avisos celestiais, isso desde o dia em que ele sonhou que estava fazendo xi

Devaneio interstelar de uma existência finda

Pintura:  Sorrowing Old Man ('At Eternity's Gate') - Van Gogh Sinto anseio de meus antigos sonhos agora alheios neste tempo neste nada que se esvai e que me aprisiona numa armadilha ilusória que me cega que me leva a ser o não-ser e a ver o ser que eu não serei nunca mais! A tarde cai estranha e prematura cheia de tudo c heia de dor. Deixando comigo a condolência de uma existência tarde e equivocada. Eu sou as lembranças do que fui e o receio do que serei. As manhãs já não me fazem renascer. As tardes já não se importam com meu triste viver. E as noites, fugazes, esperam o meu desfalecer. Eu sou o ser e o nada. Eu serei a impotência da ausência do meu verdadeiro ser. Mas serei também poeira cósmica e minhas partículas deixarão vestígios no espaço galáctico dos meus devaneios mais secretos. E então eu serei silêncio? Invisível de mim mesmo. Longe do que fui do que sou

Nós e uma noite de inverno com uma lua cheia de nós

Noite fria. O ar, a dizer-me torturas de minhas tristes, outrora doces, ilusões perdidas! Por causa do nosso drama fico eu em letargia. Ave-Maria! Chove em meus olhos. Nós abraçados! Juntaram-nos. Nós sufocados! Separaram-nos. No chão uma pétala da flor do teu olhar peleja contra o vento. No céu uma lua cheia mira minha angústia de um medo estranho de uma eterna ausência. Aqui, um grito sufocado de muitos nós. Nós amargos. Que nos sufocam com suas extremidades cingidas. Ali, somente a presença de uma ausência cheia de dor. Atormenta-me! Devaneios que choram. Tortura-me! Enleios que flamejam. Antes, cantava-nos o verão os nossos sonhos de dias mais longos. Atos de impulsão enchiam-me o coração. E faziam-me perder a   luz da razão. Agora, só nos resta a flor dos sonhos... perdidos! Nesta noite, só eu vejo, uma lua cheia de nós. E não há nenhuma estrela. A esperança se abala de uma ansiedade

Verso inverso?

(Lizandra Souza) Não sei se contigo converso Meus singelos versos. Ou se contigo desconverso E digo-te tudo inverso. Vou dizer-te o que está submerso No controverso desse verso. De um sentimento confuso, Que guardo em meu universo. E vou causar-te ira. Vou provocar-te indignação. E depois de um amor adverso Fico eu imerso numa confusão. Menti meus versos. Fiz do inverso um verso. Perverso, fico introverso. Encontro-me com a exasperação. Não sei o que fiz com meus versos. Não sei se os guardei imersos Ou se com eles de amor converso Nesse verso que omiti ser absterso. Mas no fim, deixarei meus diversos Irem nesse universo. E assim, eu não sei para quem menti Nesse verso inverso. Lizandra Souza.

Natural...Mente

Martha (1925) de Georg Schrimpf Natural...Mente É natural mente que mente indireta mente direta mente o que o coração sente? Suave mente ligeira mente que mente numa atuação pérfida mente. Inicial mente (im)perfeita mente  é ou não  sincera mente. Infeliz mente simplesmente é simples mente que mente tão discreta mente. Definitiva mente é tudo inversa mente difícil mente simplesmente Natural...mente! Lizandra Souza.