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Mostrando postagens de maio, 2014

Saudade do sorriso do seu olhar

The Starry Night (1889) -  Vincent van Gogh. Sinto saudade do sorriso Carinhoso do seu olhar, Que discreto e silencioso, Acolheu-se a descansar. À noite, eu procuro no céu olhar Um brilho de estrela que me conforte, E vejo, cheio de ternura, seu olhar sorrindo meigo. Anseio então a sorte De com meus braços poder alcançar, Em vão, um terno, último, abraço, Que você não teve tempo de me dar. Insistente fecho os olhos. Abro o coração. Tenho sua imagem guardada nesse espaço. E nele você permanece com infinda duração. Lizandra Souza.

Quimera de um coração duplo

Eram dois velhinhos Nessa caminhada incógnita De indefinida duração. Eram dois amigos De uma vida que se completa Dividindo um duplo coração. Eram duas almas gêmeas, Feitas na mesma medida, N ascidas de um mesmo amor. De mãos dadas, Viajavam pela vida, Ela delicada, ele sonhador. Eram dois corações, Que caminhavam sempre juntos, Numa mesma direção. Até que finda uma das pulsações, Eles, unidos, foram separados... Ele apagou a luz do olhar, ela à do coração. E nessa misteriosa vinda e ida, Olhando o céu, ele viu Que nem tudo tem explicação. Pois, certa estrela linda, Lhe sorriu Bem no fundo do coração. Foi então o reencontro De um duplo coração, Que pulsava de saudade. Eles sorriram um para o outro, Era o fim da separação. À noite, com aquela estrela, ele fez amizade... Lizandra Souza.

Sem ti, juro que senti!

Pintura: Separation/Separação (1896) - Edvard Munch Cinza, a noite desmorona Imergida por uma condolência Cheia do tormento que coleciona Atormentando-me a existência, Por estar sem ti. Eu, agora, Mergulho nessa confidência E eu juro que senti aquele sentimento Que recusei por minha prudência Por medo de descontentamento. E como abrandar essa dor De sentir sem ti? E agora, Minto se não te confessar, Minha angústia, nesse isolamento. Nessa noite que desvanece, Fria e impetuosa, Eu quero vozear meu pensamento, Daquele sentimento adverso Que neguei e que permanece. O ar, irreverente e áspero, Vai levando consigo as folhas, (Que, outrora, você me escreveu,  com exagero), Arrancadas e soltas, Nessa noite cinza, Elas vão ruindo no chão, ranzinzas, Em vão, esperando findar-se o desespero Que não me deixa mentir Toda dor que senti, Nessa incoerência sem ti. Noite de dolência, (Sua falta faz-me falta) Não deixa o sol

Alma Isolada

La Toilette (1896) de  Henri de Toulouse-Lautrec Meus olhos ardem. Visão dupla de uma dor, indivisível e secreta, de uma alma isolada. Olhar de abismos que ressoam chamas de uma angústia não revelada para ninguém. Luz e escuridão, duplos que desabam diante de mim. Somente eu posso ver. Somente eu posso sentir. V ocê poderá mirar meus olhos, mas eles ficarão em silêncio, para que você não mexa com a minha dor. Você verá uma ilusão e não compreenderá minha alma isolada. Você só vê luz? Meu olhar é uma luz cinzenta de uma melancolia oculta. Alma isolada por um abismo insondável de uma dor que não desvanece. Eu não posso te fazer ver. Eu não posso te fazer sentir. Somente eu posso ver dois de mim. Alma isolada! Eu silencio o que não posso confessar que é dor... Minha dor permanece tão só em minha alma. Você só vê luz! V ocê só vê luz.   Lizandra Souza.