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IMAGEM: 'Unknown Pleasures to Infinity' collage by Mariano Peccinetti aka Trasvorder. |
Devagar
e discreta, ela vem chegando,
Com
seu sorriso impetuoso, vem trazendo
Minha
ruína. Nefasta, não me dá escapatória,
Ela
já sabe que é senhora absoluta da vitória.
Infausta
e aleivosa, ela sussurra, quase que latente:
“Está
chegando os seus tempos estranhos de poeira”.
Involuntariamente,
meu corpo estremece... ardente.
De
corpo ausente, cesso ao ver sua face zombeteira.
Sereno,
consentindo a ela, eu dou um último grito.
Ele
sai calado, cheio da dolência que me afronta.
Eu
sou mais uma presa sua, esfinge que amedronta
Suas
presas privadas de existência. Outrora, eu, aflito,
Perdia-me
dentro do paradoxo do meu próprio tempo,
Que
passou a ser frio e silencioso. Agora, eu, entorpecido
Entrego-me
aos seus longos braços, que me deixam seduzido.
O
que será do resto de minhas partículas perdidas no tempo?
5 minutos antes ou nos teus braços
eu me entrego...
Depois
de uma semana, uma força involuntária me fez abrir os olhos, os quais eu
pensava já não poderem mais se abrir para ver... Joana, prima Justina, Paulo
Ricardo... ah, Martinha... Mas por que choram se tanto eu quanto eles já
sabíamos qual seria o fim? Eu já não sinto quase nada... talvez nada ou muito
pouco... é o fim com seus buracos negros avassaladores... Mergulho na espiral e
não há saída? Não há saída? Não há saída? Não há saída? Não há... Não...
Há
perguntas sem respostas.
Meus
sonhos são pesadelos...
Fantasmas
do tempo!
Coleciona
dor de pensamentos...
Ruídos.
Pedaços
de mim
Na
saída
...?
10 minutos antes ou devaneios...
Nascimento.
Infância. Brincadeiras. Adolescência. Paixão. Obrigação. Amadurecimento.
Trabalho. Amor. Espera. Filhos. Trabalho. Arrependimento. Comoção. Risos.
Lágrimas. Ciclo. Espera. Netos. Risos. Lágrimas. Trabalho. Descanso. Amar(gura): (V)ida.
15 minutos antes ou a
(re)descoberta...
Talvez
eu ainda possa dizer alguma palavra... Mas o que mais importa além de esperar o
que não se pode fugir? O que não há escapatória?
Joana
chora ao lado da cama. Será que ela lembra...?: “Eu ainda acho que vou primeiro
que você, querido”. Foi o que minha companheira de meio século me disse quando
eu mencionei que minha existência estava quase finda... “Não há consolo para o
fim a não ser o próprio fim”, eu disse e não pude controlar seu choro. Paulo
Ricardo e prima Justina se abraçam. Martinha brinca com alguma coisa no chão.
Ao lado do quarto, na sala, consegui ainda ouvir
algumas vozes, umas serenas, outras graves e perturbadas... Porém apenas uma se
gravou em minha mente: “Temos que aceitar o que já é fato... Primo Adamastor já
viveu bastante, quase um século, teve tempo de ver os frutos de seu trabalho,
conseguiu conviver harmoniosamente com seus filhos e netos, teve uma parte da
velhice sossegada com exceção a essa doença que o leva agora a beira da
morte... o que mais podemos fazer? Não adianta desespero, choro, nem mesmo
estas palavras... o que está por vir... virá! O que nos resta são as
lembranças...”. Primo Adalberto já me dava por morto mesmo eu ainda tendo
alguma consciência... e foi nessa consciência que eu pude assimilar que o rio
continuaria com seu fluxo natural, todos viveriam até chegarem onde eu cheguei.
Nos
abismos do (in)finito. Razão?
Ele tinha. Minha vida fora bem sucedida... eu ainda faço parte dela, mas por
que a trato no passado? Por que já estou mais distante que presente? Por que já
estou mais lá que cá?
Alguns minutos depois...
-
Como combinado, eu cuidarei do procedimento legal...
-
Obrigado, primo. Vou dar um abraço na minha mamãe.
Lizandra Souza.
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ResponderExcluirthanks xx
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