Fortaleza - CE, 3 de Dezembro de 2013 Olá meu caro único amigo Carlos Antônio: Você deve estar estranhando receber esta correspondência, deve estar surpreso ou quem sabe até chateado, mas eu te entendo... Quero que saiba que também estou surpreso, não imaginava que depois dos últimos acontecimentos eu ainda tivesse coragem e força para escrever algumas linhas expiatórias. Ah, como minha vida vem sendo difícil, qualquer um em meu lugar já teria tirado a própria vida... Mas não vou entrar mais nessas questões amarguradas e sofridas de minha infeliz existência, você mais do que qualquer pessoa neste mundo sabe o que eu sofro... Na verdade, somente você meu caro Carlos, sabe de meu sofrimento. Não, não quero sua piedade, sua pena. Este velho solitário e abandonado pela vida não merece este sentimento pequeno, desprezível que só é dado aos fracos... Sim, somente os fracos merecem a piedade alheia, a pena. Você até agora deve se estar perguntando o porquê escrevo esta...